No último sábado, o palco do Festival Solos do Pará ganhou vida com a apresentação emocionante de “MOMO”, protagonizada pelo talentoso ator Alberto Silva Neto, representante do grupo USINA, diretamente de Belém. O espetáculo, realizado no Auditório Wilson Fonseca da UFOPA Rondon, não apenas entreteve, mas também tocou profundamente os corações da plateia com sua narrativa íntima e envolvente.
Em “MOMO”, Alberto compartilha uma jornada pessoal e emocionalmente intensa, baseada em cartas trocadas entre seu pai e avô na década de 1960, juntamente com um texto reflexivo que escreveu após a perda de seu pai em 2007. Com uma encenação minimalista e poética, o ator mergulha nas profundezas de sua própria alma, compartilhando seus mais profundos medos, alegrias e angústias com o público.
Ao final da apresentação, em uma conversa após o espetáculo, Alberto compartilhou sua experiência, descrevendo como o processo de encenação o deixou emocionalmente esgotado, mas também com uma sensação de dever cumprido. “O roteiro deste espetáculo é um relato íntimo e pessoal, que me levou a explorar lugares profundos dentro de mim mesmo”, disse o ator. “Foi uma jornada desafiadora, mas incrivelmente gratificante.”
Além disso, Alberto fez questão de elogiar a equipe do Festival Solos do Pará, destacando o profissionalismo e a calorosa recepção que recebeu desde sua chegada. “A equipe do festival me recebeu com muito profissionalismo e calor humano. Esse tipo de evento é imprescindível para o teatro amazônico, proporcionando uma plataforma vital para artistas locais compartilharem suas histórias e talentos com o mundo”, enfatizou o ator.
Essa troca de experiências e emoções entre artistas e público é o que torna eventos como o Festival Solos do Pará tão importantes e inspiradores para a comunidade teatral da região.
E “MOMO” certamente deixou sua marca como uma obra poderosa e comovente, que ecoará na memória daqueles que tiveram o privilégio de testemunhá-la. Para Hugo Diniz, professor universitário que esteve na apresentação, a atuação do ator foi profunda e o tocou.
“Foi uma experiência muito interessante e de muita proximidade com o ator”, disse.
Trajetória do ator
Alberto Silva Neto é uma figura proeminente no cenário teatral paraense, cuja jornada artística começou em 1987 como ator. Com uma trajetória marcada por contribuições significativas para o teatro regional, ele passou por grupos de renome como Experiência, Palha e Cuíra. Em 1989, foi um dos cofundadores do Grupo USINA, que tem dirigido desde 2004. Ao longo de duas décadas, desempenhou papéis multifacetados como dramaturgo, encenador e diretor em uma série de espetáculos aclamados, incluindo “Tambor de Água” (2004), “Parésqui” (2006), “Solo de Marajó” (2009), “Eutanázio ou o princípio do mundo” (2010) e “Pachiculimba” (2017). Além de sua contribuição artística, Alberto é Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde defendeu a tese “MALOCORPO DO ATOR – Diálogos entre processos de atuação e saberes de povos ameríndios”. Ele também compartilha seu conhecimento como professor e pesquisador na Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), lecionando disciplinas de teorias e atuação cênica para o Curso de Licenciatura em Teatro, e coordenando a pesquisa PACATU – Práticas para Autonomia Criadora do Atuante. Além disso, ele expandiu sua atuação para o audiovisual a partir de 2022, participando de quatro filmes de longa-metragem e três séries, demonstrando sua versatilidade e dedicação ao mundo das artes.
Serviço:
Apresentado pelo Ministério da Cultura, o Fest Solos do Pará é uma idealização da Associação Artístico Olho D´agua, que foi contemplado com o prêmio Tamba Tajá 2023, tem o patrocínio do Banco da Amazônia e é também um projeto contemplado com a Lei Paulo Gustavo do município de Santarém. Tem a parceria institucional da UFOPA, por meio da Procce.
Texto: Natashia Santana – Jornalista
Foto: Júnior Aguiar – Fotógrafo
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