Espetáculo “Histórias da Lamparina Contadas pela Dolina” celebra memória amazônica e encanta o público

No último domingo, 5 de maio, o auditório Wilson Fonseca da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), campus Rondon, foi cenário de uma emocionante apresentação do solo teatral “Histórias da Lamparina Contadas pela Dolina”. Integrando o Festival Solos do Pará, o espetáculo celebrou os 50 anos das rodovias BR-230 (Transamazônica), BR-163 (Santarém-Cuiabá) e da Floresta Nacional do Tapajós (FLONA Tapajós). Com a narrativa cativante de Dolina Silva, vivida pela atriz Patrícia Branches, a peça trouxe à tona as lutas, resistências e esperanças das gentes amazônicas, tocando profundamente o público presente.

A personagem, criada há mais de duas décadas por Branches, foi inspirada nas mulheres dos bairros Mapiri e Liberdade de Santarém, vindas do interior e portadoras de valiosos saberes e tradições amazônicas. Dolina é uma guardiã de histórias que mescla o real com o imaginário, cativando o público com suas memórias e andanças.

A plateia que se reuniu no auditório era composta por habitantes locais que conheciam bem as histórias da região e visitantes de diferentes partes do país, todos se uniram em uma atmosfera de expectativa e encantamento. Enquanto as risadas ecoavam pelas fileiras, também havia aqueles que escutavam atentamente, absorvendo cada palavra como uma oportunidade de aprender mais sobre as ricas tradições amazônicas. Foi um momento de conexão, onde as fronteiras geográficas se dissolveram diante da magia do teatro e das memórias compartilhadas por Dolina.

Sobre o espetáculo

O espetáculo, dividido em três partes, traça uma trajetória pelo coração da Amazônia. A primeira parte foca na BR-230, a segunda na BR-163, e a terceira na FLONA Tapajós. Em cada segmento, o público é convidado a participar ativamente, compartilhando suas próprias memórias e contribuindo com as histórias contadas, criando uma atmosfera de imersão e conexão coletiva.

Com texto e cenografia de Francisco Vera Paz e direção de Alenilson Ribeiro, o solo propõe um teatro popular que celebra a expressão amazônica. O espetáculo utiliza elementos fantásticos, memoriais, políticos e cômicos para ativar as memórias dos espectadores e destacar a contribuição das mulheres, muitas vezes invisibilizadas na história.

A montagem foi agraciada com o Edital de Teatro da Jornada Sociocultural 50+50 e o Prêmio FCP de Incentivo à Arte e à Cultura – 2023, o que permitiu sua circulação em comunidades e escolas periféricas e rurais. Este reconhecimento ressalta a importância do teatro como ferramenta de valorização cultural e resistência.

O Festival Solos do Pará, que celebra a diversidade cultural e artística da região, encontrou em “Histórias da Lamparina Contadas pela Dolina” uma representação autêntica e envolvente da alma amazônica, fortalecendo o vínculo entre memória, identidade e arte.

Serviço:

Apresentado pelo Ministério da Cultura, o Fest Solos do Pará é uma idealização da Associação Artístico Olho D´agua, que foi contemplado com o prêmio Tamba Tajá 2023, tem o patrocínio do Banco da Amazônia e é também um projeto contemplado com a Lei Paulo Gustavo do município de Santarém. Tem a parceria institucional da UFOPA, por meio da Procce.

Texto: Natashia Santana – Jornalista
Foto: Júnior Aguiar – Fotógrafo